Centro Cultural Bernardo Mascarenhas

Companhia Têxtil Bernardo Mascarenhas 

foi uma fábrica de tecidos fundada em Juiz de Fora em maio de 1888 por Bernardo Mascarenhas. As inovações implementadas pelo empreendimento, como uso de energia elétrica e emprego de mão-de-obra imigrante, formaram um aspecto determinante do progresso industrial da cidade.

A fábrica encerrou suas atividades em janeiro de 1984, deixando como patrimônio sua sede, que foi utilizada para pagamento de dívidas junto ao governo. O imóvel manteve-se fechado até que a Prefeitura de Juiz de Fora assumiu sua gestão, instalando ali com o passar dos anos o Mercado Municipal, um Centro Cultural e a Biblioteca Municipal, entre outros.

Família Mascarenhas

A família Mascarenhas chegou ao Brasil em 1778, estabelecendo um armazém que consolidou o monopólio do comércio de sal na província de Minas Gerais. Fizeram fortuna com o negócio, mas acabaram firmando-se como produtores rurais. Quando Antônio Gonçalves da Silva Mascarenhas morreu em 1884, o patriarca da família era um dos homens mais ricos e influentes do estado, condição passada à maioria de seus filhos.

 

Jovém Bernardo Empreendedor

O jovem Bernardo Mascarenhas decidiu desfazer-se de sua parte no negócio de sal, convencendo dois de seus irmãos a completarem o capital necessário para a constituição, em 1868, de uma indústria têxtil. Pretendia estabelecer a fábrica em Juiz de Fora mas aceitou, a contragosto, que o empreendimento fosse instalado próximo às fazendas da família e ficasse sob os auspícios dos irmãos mais velhos. Passados quatro anos, a fábrica Cedro foi finalmente inaugurada em agosto de 1872. O negócio foi um sucesso, o que motivou os demais irmãos Mascarenhas a entrarem no ramo industrial. Em 1877 foi constituída então a indústria têxtil Cachoeira, que correu paralelamente à Cedro até 1883, ano em que foram fundidas, formando a primeira sociedade anônima brasileira.

Por volta de 1885, Bernardo mudou-se para Juiz de Fora, onde tornou-se um dos fundadores do Banco de Crédito Real de Minas Gerais. Ele também adquiriu terrenos em diversas partes da cidade, decidindo construir em um deles, próximo à Estação Ferroviária, sua própria fábrica.

Construção e equipamentos

O edifício da Companhia Têxtil Bernardo Mascarenhas foi projetado pelo engenheiro e arquiteto L. Sue, apresentando uma rigorosa simetria, destoante ao estilo das construções do final do século XIX. Seu partido arquitetônico consiste em um corpo central em três pavimentos, coroado por frontões retos nas quatro faces e ladeado por extensas alas horizontais em dois pavimentos. Pouco depois da inauguração, ocorrida em maio de 1888, foi necessária a ampliação das instalações, juntamente com a remodelação parcial do edifício. Na época, alguns dos principais jornais e revistas do Brasil destacaram o empreendimento, especialmente pelas características arquitetônicas do prédio.

Funcionamento da Fábrica

A fábrica foi equipada com 60 teares ingleses, que inicialmente eram operados à querosene. Parelelo à construção da companhia, no entanto, Mascarenhas manteve o projeto de construir em Juiz de Fora uma usina hidrelétrica para manter seus empreendimentos e auxiliar na iluminação pública. Ele fundou em 1888 a Companhia Mineira de Eletricidade, que no ano seguinte foi responsável pela inauguração da Usina Hidrelétrica de Marmelos. A manutenção e modernização da usina permitiram que a Companhia Têxtil Bernardo Mascarenhas fosse a primeira no Brasil a utilizar um motor elétrico Westhinghouse, instalado no edifício em 1898.