Planta polêmica, espatódea causa morte de abelhas por envenenamento

Entenda porque a Spathodea Campanulata é alvo de proibição em outros estados

Forasteira da flora brasileira, a árvore de origem africana conhecida como espatódea virou alvo de projeto de lei que quer proibir sua plantação em território juiz-forano. A proposta segue na mesma direção tomada pelo Legislativo de outros estados, que reconheceram a planta exótica como causadora da morte de abelhas e de outros insetos.

Para o biólogo Fabrício Alvim Carvalho, doutor em Ecologia e professor do Departamento de Botânica da UFJF, o motivo dessa tendência de proibição da planta ocorre por ela possuir um potencial de invasão biológica, quando uma espécie entra em um ecossistema natural e compete com espécies de árvore nativa. Além desse movimento prejudicial à própria flora, as abelhas são as principais vítimas desse desequilíbrio. Tanto o pólen quanto o néctar da espatódea apresentam substâncias tóxicas para abelhas nativas (sem ferrão). “Isso contribui para a mortalidade das abelhas, que são fundamentais para a sobrevivência de plantas nativas. Um dos maiores serviços da natureza prestados ao homem”, observa o biólogo.

 

Formigas e outros insetos também se tornam vítimas do envenenamento direto oriundo da planta. “Estudos já identificaram a morte de mais de 200 insetos (abelhas melíponas, moscas e formigas) em flores de espatódea na África Ocidental, devido a mucilagem nas flores e brotos jovens dissolvida no néctar, sendo responsável pela morte dos insetos”, explica Fabrício. Ele acrescenta que, no Brasil, a mortalidade é mais observada em abelhas nativas.

Banida de dois estados

 

Apesar da cor vibrante e da aparência delicada, a beleza não foi suficiente para a presença da Spathodea Campanulata em Santa Catarina e no Mato Grosso. Esses locais sancionaram, em 2019 e 2022, respectivamente, a lei que proíbe a produção de mudas e o plantio da bisnagueira em toda a extensão territorial do estado. Já no estado do Rio de Janeiro e em São Paulo, a proposta de proibição da árvore ainda tramita no Legislativo.

A postura adotada por outros estados e municípios fez com que o vereador Maurício Delgado (União) acenasse na mesma direção, após ser procurado por representantes da Associação dos Apicultores de Juiz de Fora e Região (Apijur). De acordo com a diretoria da associação, reclamações quanto à árvore foram levadas a vereadores, a fim de que fosse solucionado o problema que a planta causa em insetos. “Para um correto enfrentamento desse gravíssimo problema ambiental causado e acarretado pela introdução indevida de espécimes vegetais exóticos que são tóxicos para os animais polinizadores”, pontuou a Apijur em nota.

Depois de identificar que o tema já era tratado em outros locais do país, Delgado, autor do projeto, procurou um caso similar em Minas. O município de Itajubá, desde 2021, baniu a planta na cidade, o que serviu de exemplo sobre a efetividade da lei e os seus resultados.

“A gente faz um grande movimento para que todos tenham conhecimento do quanto é danosa a espatódea”, chama atenção o vereador. Agora, ele espera que o PL, que prevê a proibição da planta em Juiz de Fora, seja analisado e liberado para votação em plenário. Já o biólogo Fabrício Carvalho espera que, junto à aprovação do projeto, seja feito um diagnóstico da arborização urbana na cidade.

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