Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga começa nesta quinta em JF

Programação, que segue até agosto, traz relação com o nacionalismo brasileiro, ainda com forma de celebrar os 200 anos da Independência do Brasil

Em 34 anos de realização, o Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga segue se atualizando e se adaptando às novas realidades do cenário cultural. Mesmo já se enquadrando como um evento tradicional juiz-forano, com foco na música antiga, não deixa nunca de olhar para o novo e para o que é o Brasil hoje. Nesta edição, que tem início nesta quinta-feira (13) e segue até agosto, a programação foi pensada sobretudo trazendo relação com o nacionalismo brasileiro, ainda com forma de celebrar os 200 anos da Independência do Brasil. As apresentações refletem esse período de maneira a dialogar com o que se era produzido na época também em outros países. “É uma forma de trazer uma noção histórica do que acontecia na Europa e no Brasil na mesma época”, afirma Marcus Medeiros, diretor do Centro Cultural Pró-Música, responsável pela organização.

Uma das grandes novidades é que as oficinas ofertadas vão conversar diretamente com esse tema. Nos anos anteriores, as oficinas eram montadas à parte. “Nesse ano, a gente fez o esforço de pedir aos artistas que vêm para os concertos para eles darem o masterclass. Por isso que o formato vai ser diferente: os próprios artistas que vêm para os concertos vão ter contato com os estudantes. A gente achou que isso poderia ser mais interessante para a formação dos estudantes e de todo mundo que participa. Porque, além de ver o artista no palco, tocando e interpretando as obras, eles vão ter esse contato mais direto e íntimo com eles.”

 

 

 

Vão ser ofertadas masterclass de educação musical infantil, com Margareth Darezzo; de ópera, com Rosana Orsini; de piano, com Marco Brescia; de violão, com José Manuel Dapena; de canto lírico, com Flávia Albano; de violão barroco, com Roberto Santamarina e de cravo, com Bruno Procópio. Elas vão acontecer entre 22 e 28 de julho, na Escola de Artes Pró-Música. As inscrições são gratuitas podem ser feitas neste link.

Por toda cidade, em julho e agosto

 

Nesta semana, acontecem três concertos no Cine-Theatro Central. Nesta quinta-feira (13), o Duo Rio de Ouro, formado por Andrea Adour e Cesar Buscacio apresenta a “Cantata Gualuxo do Norte”. Já na quarta-feira (19), a Orquestra Sinfônica Pró-Música apresenta o concerto “Trilhas sonoras”. No dia seguinte, Tâmara Lorenzeto, Marcus Medeiros, Rogério Nascimento, Francis Moura e Marcelo Lobato apresentam “As canções de Kurt Weill”. Elas foram pensadas como um prelúdio para a principal semana, entre os dias 23 e 30 deste mês, com concertos noturnos diários no Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm), no Theatro Paschoal Carlos Magno, na Capela da Academia do Comércio, no Cenáculo São João Evangelista e no Cine-Theatro.

Vão ser apresentados: “Nacionalismo em música”, por Rosana Orsini e José Manuel Dapena, “Camille Saint-Saëns e o Pianismo Romântico Brasileiro”, por Marco Brescia, “Confidências: Música de mulheres compositoras”, por Marília Vargas e Luiza Aquino, “A música da Independência”, por Musica Brasilis, “Le clavecin des Lumière”, por Bruno Procópio, Octeto feminino do Brasil, “Dois mares: Música entre dois mundo”, por Grupo 1500, Diana Baroni, Rafael Guel e Marco Brescia e “Ópera – A noite de São João”, co-produção com o Conservatório de Tatuí.

Em agosto, o festival volta com duas apresentações no Central: no dia 26, o concerto “Die Opernprobe”, da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e no dia 28, o “Chão de estrelas”, com Giovanni Tristacci e Marcus Medeiros. Como de costume, todo os concertos contam com uma palestra do professor Rodolfo Valverde uma hora antes das apresentações, servindo como contextualização de cada uma. Todo o evento é gratuito.

Fôlego para os próximos

 

Este é o primeiro grande evento do Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga desde a pandemia. No ano passado, ele aconteceu de maneira mais condensada. Agora, a organização toma fôlego e retoma fazendo lembrar outras edições que moviam músicos do mundo inteiro. “Tudo envolve uma série de fatores”, justifica Marcus. “Mas a gente, com a Rosana Orsini, da Itália, que é parceira antiga do festival, conseguiu armar a agenda para que todo mundo estivesse aqui mais ou menos na mesma semana.” Foi ela também a responsável por possibilitar a parceira do festival com o conservatório de Tatuí, que vai apresentar a montagem da primeira ópera feita no Brasil.

Marcus entende que tudo é adaptação. E é esse o segredo da permanência do evento por tantos anos. Mas o momento de agora é de ânimo. “A gente está retomando, o Brasil está retomando, as universidades estão retomando sua verba. Tudo isso influencia a forma como a gente vai construir a programação do festival. É sempre um diálogo com todas as possibilidades e as variáveis com as quais a gente lida para construir um festival.” A programação aumentada, em comparação ao ano passado, é um sinal desse movimento. Mas, agora, a ideia é programar o do ano que vem com mais antecedência para fazer o festival ainda maior. “Nossa pretensão é poder organizar com antecedência e recuperar aquele tamanho original que fazia a cidade tremer. Agora, o festival já está maior, mas ainda estamos no caminho para retomar aquele festival e tornar isso tudo possível.”

Renovação de público

As gerações de músicos de Juiz de Fora foram impactadas pelas realizações dos eventos. E isso segue acontecendo. Mesmo com 34 anos sendo realizado, o festival, para Marcus, ainda é atuante na formação de público da música erudita no Brasil. “As pessoas que frequentam o festival há muito tempo têm essa consolidação da formação de público que vem sendo feita ao longo dos anos. Mas tem sempre uma geração nova que participa do festival. Mesmo as pessoas que já frequentam o festival há muito tempo, o repertório é sempre diferente. Então, é sempre algo novo que vai sendo trazido para o público. É sempre essa renovação que acontece ao longo dos anos, e isso é muito bonito de se ver. Tem músicos que foram alunos do festival e hoje voltam como artistas em algumas edições. É uma tradição muito viva que vai se consolidando e se renovando ao mesmo tempo”, finaliza.

Confira a programação completa

Julho
Quinta-feira (13)
20h – “Cantata Gualaxo do Norte”, pelo Duo Rio de Ouro (Andrea Adour e César Buscacio), no Cine-Theatro Central
Quarta-feira (19)
20h – “Trilhas sonoras”, pela Orquestra Sinfônica Pró-Música, no Cine-Theatro Central
Quinta-feira (20)
20h – “As canções de Kurt Well”, por Tâmara Lorenzeto, Marcus Medeiros, Rogério Nascimento, Fracis Moura e Marcelo Lobato, no Cine-Theatro Central

Domingo (23)
19h – Concerto de abertura: “Nacionalismo em música”, por Rosana Orsini e José Manuel Dapena, no Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm)
Segunda-feira (24)
20h – “Camille Saint-Saëns e o Pianismo Romântico Brasileiro”, por Marco Brescia, no Teatro Paschoal Carlos Magno

Terça-feira (25)
20h – “Confidências: Música de mulheres compositoras”, por Marília Vargas e Luiza Aquino, no Teatro Paschoal Carlos Magno

Quarta-feira (26)
20h – “A música da Independência”, por Musica Brasilis, no Teatro Paschoal Carlos Magno
Quinta-feira (27)
20h – “Le clavecin des Lumière”, por Bruno Procópio, na Capela da Academia de Comércio

Sexta-feira (28)
20h – Octeto feminino do Brasil, com Jessica Vicente, Josely Saldanha, Paula de Campos, Priscila Viana, Tayanne Sepúlveda Waleska Beltrami e Jaqueline Louzada, no Teatro Paschoal Carlos Magno

Sábado (29)
20h – “Dois mares: Música entre dois mundo”, por Grupo 1500, Diana Baroni, Rafael Guel e Marco Brescia, no Cenáculo São João Evangelista

Domingo (30)
19h – “Ópera – A noite de São João”, co-produção com o Conservatório de Tatuí, no Cine-Theatro Central

Agosto
26 de agosto
19h – “Die Opernprobe” (O ensaio de Ópera), por Orquestra Sinfônica da UFRJ, no Cine-Theatro Central
28 de agosto
20h – “Chão de estrelas”, por Giovanni Tristacci e Marcus Medeiros, no Cine-Theatro Central

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