Ensino à distância contribui para perda de qualidade da educação, diz professora

A professora Ângela Soligo avaliou o dado de que 52% dos estudantes inscritos no Enade fazem cursos à distância como sinal de precarização do ensino

Os dados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2021, divulgados pelo Ministério da Educação na última terça-feira (13), evidenciam a disparidade da qualidade entre a educação presencial e a à distância (EAD).

A avaliação é da professora da Faculdade de Educação da Unicamp, Ângela Soligo.

Em entrevista à CNN Rádio, ela afirma que, embora mais pessoas estejam estudando à distância, o desempenho acadêmico desta modalidade de ensino é inferior.

“No ensino presencial, o número de vagas que se pode ofertar é limitado, porque depende-se de infraestrutura. O EAD amplia a quantidade de vagas disponíveis, mas perde em qualidade”, diz.

Ângela Soligo argumenta que “estamos vendo ao longo dos últimos anos a precarização em geral do Ensino Superior no Brasil, de uma forma muito forte. Esse movimento também vem pela via do EAD.”

Para ela, essa posição não é uma questão de posicionamento pessoal: “Os dados são consolidados por pesquisas.”

“A gente precisa se preocupar, e falar sobre isso seriamente, para não deixar que a formação da nossa juventude, e dos nossos profissionais, seja precarizada e destruída.”

Um dos indicadores de qualidade do exame é o Conceito Enade, que dá notas de 1 a 5 por curso de graduação, sendo 5 a maior nota.

Segundo dados da última avaliação, a maioria dos cursos (39,7%) teve nota 3.

Nos cursos de educação à distância, 41,6% dos cursos tiveram nota 2.

De acordo com Ângela Soligo, a diferença entre os resultados das duas modalidades envolve múltiplos fatores, mas o principal é o formato.

“Presencialmente, os professores estão em contato com o aluno o tempo inteiro, na sala de aula e fora dela. À distância, não há interação porque as aulas são gravadas, fazendo com que as atividades não sejam síncronas”, aponta.

A atividade síncrona é a aula ao vivo, que “permite que o aluno tire dúvidas na hora, garantindo comunicação entre os estudantes”, segundo a professora.

Já a assíncrona é a aula gravada, a mais recorrente na modalidade de ensino à distância.

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