Antigo clube hípico terá quatro condomínios e praça aberta

Fachada e arquibancada seguem tombadas e estão sendo restauradas por empresa de engenharia; investimento é de R$ 1,5 mi

As corridas de cavalos que marcaram época em Juiz de Fora vão dar lugar a quatro condomínios residenciais e a uma praça aberta ao público, no lugar do antigo Clube Hípico e Campestre Juiz de Fora, às margens da Avenida JK, no Bairro Jóquei Clube, Zona Norte. Uma movimentação de obra no local chamou a atenção de pedestres e motoristas na última semana, e alguns temeram a destruição de parte do patrimônio tombado, mas tanto a empresa que adquiriu a área quanto a Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa) garantem que a fachada e a arquibancada permanecem intactas. A construtora MRV Engenharia, atual proprietária do terreno, acrescenta que, nos últimos anos, vem realizando a restauração da arquitetura histórica e benfeitorias, com acompanhamento e aval da Funalfa. O investimento previsto para esse projeto é de R$ 1,5 milhões.

“A construtora informa que, na última semana, foi realizada a retirada de vegetação próxima à arquibancada, ação que faz parte das manutenções periódicas no local e que não compromete a estrutura da arquibancada em questão”, explica a MRV, por meio de nota. “No entorno do patrimônio tombado está em construção um complexo com quatro condomínios e, por isso, é comum que ocorram movimentações próximas à arquibancada. Futuramente, com a abertura de vias, a arquibancada estará inserida em uma praça aberta para o público”, finaliza a empresa.

 

 

 

Funalfa também garante que o bem continua protegido por tombamento por meio do Decreto 7.912, de 15 de julho de 2003. Em seu artigo 2º, o texto determina como objeto de preservação “a volumetria construtiva (arquibancada e cobertura voltada para a parte interna da área) e as fachadas frontal (voltada para a Avenida Presidente Juscelino Kubitscheck) e laterais da edificação”. A fundação acrescenta que os fiscais foram até o local na última semana e não constataram qualquer demolição ou ação que acarrete em dano ao patrimônio.

Clube hípico marcou memória de juiz-foranos

 O projeto foi aprovado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Comppac) em abril de 2018 e já pretendia integrar a edificação à área do entorno, futuramente residencial. Na época, a restauração estava sendo conduzida pela MRV Engenharia, mesmo ainda em processo de negociação do terreno. “Reconhecemos a importância histórica e cultural da arquibancada e de sua preservação para o Município”, pontuou a empresa na ocasião. A proposta já foi projetada para integrar a edificação à área do entorno, que, futuramente, será residencial.

O Clube Hípico e Campestre teria sido fundado no segundo quarto do século XX como Jockey Club e estava em estado de abandono há dois anos. O auge do empreendimento aconteceu entre as décadas de 1980 e 1990, marcando a memória de muitos juiz-foranos que acompanhavam os concursos de hipismo, famosos aos finais de semana. O local também teria sido um marco histórico para o desenvolvimento da Zona Norte de Juiz de Fora.

Em 2021, a Tribuna teve acesso ao projeto de restauração encaminhado ao Comppac. O documento classificava o grau de caracterização em que se encontravam os elementos da edificação e o próprio estado de conservação. As fachadas frontal e lateral direita tinham sido classificadas como caracterizadas, enquanto a cobertura era apontada em ruínas. Já as fachadas lateral esquerda e posterior, além do interior, eram classificados como reversivelmente descaracterizados, indicando que a recuperação seria possível a partir de informações obtidas na própria edificação. Já quanto ao estado de conservação dos elementos arquitetônicos, a fachada frontal e a fachada posterior foram classificadas como ruins, e a cobertura, péssima.

As intervenções, conforme o projeto, vão desde a recomposição da cobertura em telhas francesas e do amadeiramento com reconstituição de terças, caibros e engradamento em ripa, até a recuperação e a limpeza do piso cerâmico, do granilite do salão e dos degraus da arquibancada em cimentado. A arquibancada pode vir a ser utilizada, porque o projeto propõe a criação de um palco com rebatedores acústicos, assim como a abertura de uma rua compartilhada entre veículos e pedestres. O espaço deve contar ainda com equipamentos de ginástica ao ar livre, mesas de jogos e parcão.

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